Uma coisa
que hoje para mim já não faz sentido, mas que me preocupou muito
foi “como é que eu vou saber quem é quem?” Explico.
As
meninas tinham cada uma seu saco amniótico e sua placenta. Os
desavisados de plantão imediatamente falam “ah! são diferentes!”
e sempre que eu falo que não necessariamente me olham com aquela
cara de 'oh, inocente e bobinha', claro que eu faço a mesma cara no
retorno. O engano está no fato de que até 30% dos gêmeos
monozigóticos (os idênticos) não dividem a mesma placenta, porque
o zigoto se dividiu até o 3º dia após a fecundação. E por sua
vez, muitos dos 'idênticos' na verdade são dizigóticos, o que
acontece é que as placentas estavam próximas demais e acabaram se
fundindo. O que gera situações engraçadas, como eu já ouvi uma
mulher dizendo que tinha um irmão gêmeo idêntico, porque eles
dividiam a mesma placenta. Desde quando um homem e uma mulher são
idênticos????? Ou eles tinham placentas diferentes que se fundiram
ou eles são monozigóticos e aconteceu algum erro na meiose e um
ficou com fenótipo feminino e o outro com fenótipo masculino e o
que eu li até hoje é que a segunda opção não é bacana, só vi
relacionada a anomalias. E tá na cara que eles não são iguais. Um
é barbado e o outro tem seios, oras.
By the
way, eu também não sabia que monozigóticos poderiam ter placentas
separadas, descobri isso com a médica do ultrassom. Quando ela me
disse que haviam duas placentas eu emendei na hora, são diferentes
então! E ela me corrigiu no mesmo momento, 'não, não, podem ser
idênticos, vamos procurar a sua ovulação'. E lá estava apenas um
corpo lúteo, que aparentemente indica que os bebês podem ser
iguais, porque deu origem a um único óvulo. Mas poderia ser que um
corpo lúteo estivesse em cima do outro. E mesmo que dois óvulos
tivessem sido liberados, um poderia ter 'vingado' e se dividido em
dois e outro poderia ter se perdido. Enfim, ela me explicou que se
fossem do mesmo sexo só daria para saber se eram mono ou dizigóticos
quando nascessem. E vieram duas menininhas! E ficamos nesse suspense
danado, e gostoso, diga-se. Tem coisa melhor do que surpresa? Para
mim só se a surpresa for chocolate.
E nesse
suspense fiquei matutando como é que afinal de contas se diferencia
gêmeos monozigóticos? Aí eu fui descobrindo n maneiras de
diferenciar gêmeos idênticos... algumas bem óbvias, outras nem
tanto, algumas que eu considero perigosas.
Para
meninas algo meio óbvio é colocar brincos diferentes. Porque eu
rejeitei isso? Primeiro por causa do risco de infecção, tem até
mesmo alguns hospitais que não permitem essa prática, por ser muito
arriscado. Segundo porque dói. A maioria das pessoas fala, mas é um
bebezinho, não sente dor. Qualquer mãe que tenha acompanhado o
teste do pezinho e visto aquela carinha fofa ficando roxa e se
contorcendo de dor sabe muito bem que bebês recém-nascidos sentem
dor. E eu considero isso crueldade, fazer alguém sentir dor só para
ficar bonito? Afff. Terceiro e não menos importante, porque eu sou
alérgica a metais e elas como minhas filhas tem chance de também
ter. E lá vem um monte de gente me falar que elas não
necessariamente vão ter e que isso não é desculpa. Bem, eu decidi
não arriscar. Nunca me perdoaria se algo acontecesse a elas
por causa de um capricho meu.
Tanto
para meninos e meninas, é usar uma pulseirinha de ouro com nome do
bebê. Quer coisa mais prática que só pegar o punho no neném? Mas
eu não gosto, sei lá, acho feio bebê cheio de badulaques e tenho a
impressão que o quadradinho onde se escreve o nominho pode machucar.
Uma opção é usar pulserinhas de materiais diferentes, um de ouro
amarelo e outro de ouro branco, por exemplo. Mas para mim ainda fica
a questão da alergia a metais, não seria tão agressiva quanto com
o brinquinho, mas ainda é um risco.
A opção
que eu havia pensado em usar era passar esmalte de cores diferentes
no dedão do pé. Algo como uma de rosa e a outra de vermelho. E sei
que vários pais usaram essa. Já me perguntei e já me perguntaram
se esmalte não pode causar alergia. Boa pergunta, não sei. Acho que
é como o brinquinho e a pulseirinha, só testando mesmo. O
inconveniente de usar no pé é se estiver frio. E lá vai você
descascar o bebê até chegar no pé.
Usar
roupas de cores diferentes também é uma alternativa. E não causa
dor. Nem alergia. Mas isso vai de encontro ao que muitos pais acham
fofinho, que é vestir gêmeos de par de vaso. Tá, eu também acho
fofinho, de vez em quando.
Dizer que eu nunca vesti elas iguais e que não me diverti com isso é
mentira, mas não é para mim nenhum esforço usar duas roupas fofas
e diferentes nas minhas bonequinhas. Confesso que logisticamente é
mais fácil pegar 2 bodies, 2 calças e 2 casacos, do que um body, um
culote, um casaco, uma camiseta, uma calça e uma blusa. Realmente é
mais prático, economiza tempo. Mas vestir igual não dificulta só para a gente,
fica principalmente difícil para os outros saberem quem é quem. E
atrapalha o processo de individualização dos gêmeos, que já é
mais trabalhoso que o de únicos. Enfim, o que muitos pais fazem é
definir cores para cada um dos múltiplos, rosa e branco para uma e
lilás e azul para a outra. Verde para um, azul para o segundo e
marrom para o terceiro. Ajuda bastante no começo quando a gente
ainda vê aquele monte de bochechas e não sabe ainda de quem é.
Depois que você decora dá para dispensar as cores específicas. Até
porque quem disse que a menina do lilás não gosta de cor-de-rosa?
Um
pouco mais sutil e que dá para usar com meninas é colocar
acessórios de cores diferentes em cada uma. Laço lilás na G1 e
laço rosa na G2...
Uma que
eu queria usar também, mas não deu, é manter aquela pulserinha de
plástico que as crianças ganham na hora em que nascem. Lá vem
dizendo se é G1, G2, G3... é só você não esquecer quem é o
G1.... Não pude usar porque a Bê foi para a UTIn e lá eles tiram a
pulserinha. E todo santo dia tentavam tirar a minha também, mas por
causa da Ól eu tinha que ficar com ela.
Outra opção similar a essa é amarrar uma fitinha de cetim de cores diferentes no punho de cada bebê. Quando você se acostumar com os rostinhos é só tirar.
Outra opção similar a essa é amarrar uma fitinha de cetim de cores diferentes no punho de cada bebê. Quando você se acostumar com os rostinhos é só tirar.
A que eu
usei (ufa) foi colocar fraldas de marcas diferentes. E dá para usar
essa se você decidir usar roupinhas iguais. É só abaixar a calça
e você já sabe quem é o bebê. Só não dá para deixar o estoque
de fraldas acabar e misturar as fraldas. E deixar bem claro
para quem vai te ajudar que o bebê 1 usa essa marca e o bebê 2 a
outra. Eu decidi fazer essa porque as meninas tem tamanhos
diferentes, a Carol é maiorzinha e sempre muda do tamanho de fraldas
antes. E é meio difícil ficar comparando as fraldas toda troca para
ver qual é a maior/menor. Mas resolvi mesmo fazer isso por causa das
avós... o problema é que as duas sempre souberam quem era a Carol e
quem era a Beatriz e as duas são meio desligadas, tipo a mãe aqui.
E por mais que eu avisasse que no pote de plástico estavam as
fraldas da Bê e no dispenser de madeira as da Carol, elas sempre
trocavam. Usar as da Pampers na Carol e as da Turma da Mônica na
Beatriz resolveu esse meu problema.
Deve
haver mais jeitos, mas acho que o basicão é isso mesmo. E só para
finalizar, quando foi que a gente descobriu que elas eram diferentes?
Quando elas nasceram? Não. A curiosidade durou mais longos 17 dias.
Que foi o tempo que a Bê ficou na UTIn. As duas eram
loiras-carequinhas, tinham olhos verde-escuro, faziam biquinhos
iguais e esticavam o pescocinho do mesmo jeito gostoso. Eu já
desconfiava que elas eram dizigóticas, porque os dedinhos dos pés
delas eram diferentes, que foi a única coisa que eu consegui definir
sem comparar. A primeira coisa que eu fiz quando coloquei as duas
lado a lado, depois de me emocionar, foi começar a virar as duas de
todos os lados. Aí ficou bem claro que elas são diferentes. O
formato dos olhos, do nariz, da boca, das orelhas, do rosto e da
cabeça são sutilmente diferentes. As palmas das mãos são iguais.
As marcas de nascença na nuca são diferentes. A Carol tem duas pintas na perna e uma nas costas. E agora os cabelinhos mostram tons diferentes de ruivo. Os cabelos da
Beatriz são mais avermelhados e os da Carol são alaranjados. Mas a
maioria das pessoas ainda define quem é quem ou pelo tamanho, a Bê
é miudinha; pelo tamanho do cabelo, a Carol ainda é quase
carequinha; ou decora quem está com qual roupa. E é uma delícia
ter duas menininhas diferentes, são dois sorrisos, dois choros, duas
manhas e dois jeitinhos gostosos para os pais se apaixonarem.
Primeira foto das irmãs juntinhas!!!
Um comentário:
Bom, deixa eu apresentar a perspectiva da dinda. Como eu fazia para diferenciar as duas?
Quando eu as conheci, se não me falha a memória foi exatamente no dia em que a Bê saiu da uti e foi pra casa (quase deu para eu ir junto buscá-la), eu não conseguia diferenciar a não ser pelo tamanho. Mas isso dificultava um pouco as coisas porque era inverno em Curitiba e elas estavam sempre enroladas no coberto. Resumo da história, eu só conseguia identificar quando elas trocavam de fralda, rs..
Depois eu decorei a cor do cobertou de cada uma. Mas o problema com esse tipo de identificação é que depois que elas deixaram de ficar enroladas no cobertor, eu já não lembrava mais quem ficava enrolada no cobertor rosa e quem ficava enrolada no cobertor lilás. Na época em que elas ficavam no cobertor eu sabia exatamente quem era quem. Hoje em dia, olhando as fotos, eu já não sei mais quem é quem só pelo cobertor.
Depois de um tempo você percebe que uma tem uma orelhinha assim, a outra assado, uma tem a boquinha mais puxada para o pai, a outra, para a mãe, uma tem o narizinho da mãe, a outra do pai. E por aí vai.
Hoje em dia não tem erro! A Bê é a Bê e a Carol é a Carol.
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